Toque
certo no momento certo. A bola segue perfeitamente o caminho que o mestre lhe
desejou. Com seu corpo, engana o adversário, espanta os maus espíritos, deixa o
zagueiro de bunda no chão e contagia as multidões com a arte da dança, do
esperar, fingir, inovar, tocar com carinho e precisão magistrais. O drible
encanta o coração e dá vida aos seres vivos envolvidos. Ao time adversário, a
energia para se recompor e encarar mais uma vez o artista, agora com maior
cuidado, mas é aí que leva mais um daqueles desconcertantes, rápido, que
encerra a disputa e consagra o controle do sétimo sentido ao ser humano com
mais intimidade. Aquele que tem paixão pelo que faz e domínio inconsciente faz
parte do quintal do futebol. Não é a borboleta ou o caracol. Mais. Muito mais.
Tem o domínio do ataque das pragas. Sabe quando ele vai acontecer. Tem o
movimento preciso para o impreciso. Escuta o futuro pela umidade do ar. Sabe a
posição de cada ser vivo, seu estado de espírito, como ele acordou de manhã e o
que ele pretende fazer para o café. Para ele não é um jogo, é a vida. Não é
apenas um campo, um gramado, um quintal de seres diversos, com aparências,
idades e estilos de podas capilares. Sangue borbulhando com pressão na hora do movimento,
vento a 16 nós, gosto de ar com manjericão nas papilas gustativas, movimentos e
posicionamentos perfeitos, um após o outro. Um milagre da natureza.
Praticamente o mestre dos magos abrindo o portal para o parque de diversões.
O Mundo no meu quintal é um espaço para divulgar notícias e pensamentos sobre agroecologia e agrofloresta a partir das práticas de manejo no quintal.
terça-feira, 4 de setembro de 2012
O drible
Não é agricultura ou esporte. É vida. Saber evitar as ferramentas de guerra. Usar a cabeça e o corpo. E os corpos em sintonia. Como uma dança. Inspirado nas batalhas, nos jogos, na relação com formigas, pulgões, mosquitos, cachorro e com o galo do vizinho. E com o vizinho. A arquibancada treme quando um belo tomate vai amadurecendo saudável.
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