sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Apimentando a discussão orgânica




        Fiz uma tentativa de juntar um grupo mais ecológico ao redor das pimentas. Sabia que a tarefa  seria difícil ou quase impossível. Como contagiar uma ideia, um novo modo de pensar que exige muito tempo para digerir? O trabalho lento foi sendo levado em paralelo, quase escondido. Minha tarefa principal era coordenar o aumento da produção. Afinal a pimenta é apenas um tempero e o que faz bem e o que faz mal nesse mundo está muito relativo. Um temperinho tóxico no meio de batatas, morangos e tomates? No meio de drogas e remédios, fumaça, barulho da reforma do vizinho, horas assentado ou em pé sem vontade no dia a dia. Apenas a partir das grandes intoxicações, das doenças brabas diretas, logo depois de uma aplicação de um inseticida, banhos de produtos sinistros ou algo parecido é que o agricultor ou qualquer um começa a duvidar do valor de certas ferramentas.
      Comecei participando da capina. Levei minha roçadeira no fiat e experimentei na pele o trampo que daria para substituir o “MATA MATO”. As duas plantações eram grandinhas e não consegui terminar em um dia só. O esforço mental se traduzia em esforço físico. A produção estava sendo levada nas coxas, porque era fruto de uma iniciativa política num momento em que vivemos o auge do menosprezo às ideias e orientações dessa natureza. Salve o mensalão Orgânico! Desse modo, calculei que seriam boas as chances de deixar a pimenta meio no mato e trabalhar seu valor por não ter recebido nenhuma aplicação de agrotóxicos em sua vida.
         Levei essa proposta na miúda e essa publicação é um esforço para valorizá-la. Não trabalho mais pelo aumento da produção porque sou teimoso e “a minha teimosia é uma arma para te conquistar”. Dedico-me agora exclusivamente à descrição dos bravos lutadores, que enfrentam a batalha da agricultura natural, sem dopping. Em breve estarei presenteando meus amigos com os frutos dessa empreitada e oferecendo a todos a possibilidade de contribuir com novas viagens como essa. 
        Em breve: Conservas de pimenta “Mais Ecológicas” graças ao descrédito político, à teimosia naturista  e principalmente à cabeça aberta e sensível de alguns seres humanos da roça e da cidade que pelejam, mas não desanimam.