Fiz uma tentativa de juntar um grupo mais ecológico ao redor
das pimentas. Sabia que a tarefa seria
difícil ou quase impossível. Como contagiar uma ideia, um novo modo de pensar
que exige muito tempo para digerir? O trabalho lento foi sendo levado em
paralelo, quase escondido. Minha tarefa principal era coordenar o aumento da
produção. Afinal a pimenta é apenas um tempero e o que faz bem e o que faz mal
nesse mundo está muito relativo. Um temperinho tóxico no meio de batatas,
morangos e tomates? No meio de drogas e remédios, fumaça, barulho da reforma do
vizinho, horas assentado ou em pé sem vontade no dia a dia. Apenas a partir das
grandes intoxicações, das doenças brabas diretas, logo depois de uma aplicação
de um inseticida, banhos de produtos sinistros ou algo parecido é que o
agricultor ou qualquer um começa a duvidar do valor de certas ferramentas.
Comecei participando da capina. Levei minha roçadeira no
fiat e experimentei na pele o trampo que daria para substituir o “MATA MATO”.
As duas plantações eram grandinhas e não consegui terminar em um dia só. O
esforço mental se traduzia em esforço físico. A produção estava sendo levada
nas coxas, porque era fruto de uma iniciativa política num momento em que
vivemos o auge do menosprezo às ideias e orientações dessa natureza. Salve o
mensalão Orgânico! Desse modo, calculei que seriam boas as chances de deixar a
pimenta meio no mato e trabalhar seu valor por não ter recebido nenhuma
aplicação de agrotóxicos em sua vida.
Levei essa proposta na miúda e essa publicação é um esforço
para valorizá-la. Não trabalho mais pelo aumento da produção porque sou teimoso
e “a minha teimosia é uma arma para te conquistar”. Dedico-me agora
exclusivamente à descrição dos bravos lutadores, que enfrentam a batalha da
agricultura natural, sem dopping. Em breve estarei presenteando meus amigos com
os frutos dessa empreitada e oferecendo a todos a possibilidade de contribuir
com novas viagens como essa.
Em breve: Conservas de pimenta “Mais Ecológicas”
graças ao descrédito político, à teimosia naturista e
principalmente à cabeça aberta e sensível de alguns seres humanos da roça e da
cidade que pelejam, mas não desanimam.