É verdade que demonstra alegria em certos momentos, mas não sente o sopro de vida. Isso foi um aprendizado que tive depois de criar cachorro, cavalo, peixe, hamster e periquito. Até hoje, crio uma cachorrinha de rua que apareceu na minha casa órfã e minha esposa adotou. Castramos ela pelo bem da relação entre os cães e o homem. Graças a deus pudemos criá-la sem coleira. Ela é pequena, vira lata e por isso vive passeando solta na rua sem reclamações. Mesmo assim, sinto-me incomodado com a relação de posse que nos foi atribuída.
Considero que estou fazendo um trabalho de emergência na desdomesticação dos animais. Aos poucos, castrando, cuidando dos que já estão aí e evitando quando podemos evitar a posse vamos melhorando a situação. Temos que resistir a esse impulso aprisionador e dominador que vivemos hoje. Tenho por ela e por todos os animais e seres vivos uma relação de guarda.
O ser humano perdeu muito da sua relação com a natureza e resolve dar um jeito colocando um bichinho fofinho no seu ambiente para se sentir melhor. Essa atitude é egoísta. O bichinho cresce e ao invés de nos trazer harmonia, absorve o nosso ritmo desequilibrado. Cuidemos dos animais de rua, sejamos guardiões dos animais selvagens, cuidemos do ambiente e aceitemos os animais que aparecem nele. Tenhamos amor, carinho e admiração pelos passarinhos, maritacas, macacos, cobras, lagartos, aranhas, cotias, capivaras, tapitis, tucanos, sapos, camundongos, gambás, formigas, borboletas e beija flores que estão a nossa volta.